sexta-feira, 5 de outubro de 2012

MINHAS DIVERSAS FORMAS DE LEITURA

Enquanto pequena, não tinha quase nenhum contato com a leitura, devido ao fato de que meus pais nunca gostaram muito de ler e, talvez, ao meu problema visual. Os médicos sugeriam que minha família me desse brinquedos que falassem e que fossem de cores vibrantes, de modo que eu pudesse estimular o uso do meu resíduo visual. Livros talvez não fossem muito úteis, visto que eu demorei um pouco para aprender a identificar imagens de livros. Não posso deixar de ressaltar, que desde criança gostei muito da caneta. Adorava riscar os objetos a minha volta, desde carteiras de vacinação, até fotos. Talvez por causa disso os livros em geral ficavam fora de meu alcance.
Entrei no processo de alfabetização na idade prevista, em escolas regulares. Recordo-me que minha professora ensinava-nos a reconhecermos as letras, usando como ferramenta principal, um alfabeto que tinha em cima do quadro. Eu não via as letras, mas já sabia de cor a ordem, de modo que repetia junto com os demais alunos. Certa vez, ela fez uma prova, a qual consistia em dizer para que letra ela estava apontando. Devido minha dificuldade visual, a professora me levantava no colo. Consegui me sair bem na prova, mas a professora deve ter se cansado bastante.
Nas séries iniciais, era comum os professores lerem livros para a turma, de modo que eu ficava tão consciente quanto qualquer outro aluno das leituras feitas em sala. No entanto, foi ao começar a pegar livros emprestados na biblioteca de minha escola, que notei que o meu problema de visão poderia me prejudicar muito no meu processo de iniciação a leitura. Com freqüência os livros apresentavam duas características: Ou a letra do livro era pequena de mais, de modo que eu não podia ler; ou apesar das letras serem grandes, as imagens de fundo eram mescladas com as letras, de modo que eu não conseguia fazer a leitura. Eram raras as ocasiões em que eu conseguia encontrar livros que pudesse ler.
Mesmo assim, sempre fui encantada pelos livros. Aquele mundo, na época, tão misterioso e fechado para mim, encantava-me e parecia me atrair muito mais do que a televisão. Com o passar do tempo, aprendi a usar a visão que possuía, de modo que já na quinta série eu conseguia ler (com o auxílio de lupas ou outros equipamentos) alguns dos livros da biblioteca do colégio ou do SESC. Nesta época, lembro-me de ter lido “Depois daquela Viagem da Valéria Piassa, “Feliz ano velho” do Marcelo Rubens Paiva, Iracema, do José de Alencar, dentre alguns outros, em geral infanto-juvenis.
Assim que comecei a me adaptar àquela forma de leitura, comecei a perder a visão, de modo que, mesmo sem consciência de tal fato, decidi insistir com os profissionais da entidade para cegos que eu freqüentava em paralelo com a escola regular, que eu deveria aprender Braille. Para mim, tal necessidade se fazia presente, visto que não eram raras as situações nas quais eu encontrava um determinado livro na biblioteca do meu colégio, para logo depois descobrir que o livro não possuía um tamanho de letra que eu pudesse ler, mesmo com os equipamentos de ampliação. No entanto, eu gostava muito de visitar a biblioteca Braille da instituição para cegos e, lá, encontrava o mesmo livro, totalmente disponível para os cegos, no formato Braille. Achava uma injustiça que eu, baixa visão, não podia ler nem livros de videntes, nem livros de cegos. Com quais tipos de livros eu ficaria? Não demorou muito para que aparecessem na minha vida os livros em áudio, os quais me incluíram definitivamente no mundo da leitura. Em áudio, já li “Memórias de uma gueixa”, “A Relíquia”, de Eça de Queiroz, “A marca de uma lágrima” de Pedro Bandeira, “O anjo da morte”, “A Droga da Obediência”, dentre outros do mesmo autor.
Quando completei 13 anos finalmente tive autorização dos meus professores para aprender Braille. Isto não é padrão, visto que eu ainda não tinha tido autorização do meu oftalmo para isso. Mesmo assim, devido minhas insistências, os professores decidiram fazer uma tentativa. Alguns meses depois que iniciei o aprendizado de Braille, comecei a ler em casa. Foi nesta época que realizei um dos meus maiores sonhos, até então: Consegui ler antes de dormir, coisa que eu via os personagens fazendo em filmes e que eu sempre fora em pedida de fazer, visto que não tinha visão suficiente para ler a noite. O primeiro livro que li em Braille se chama “O bem amado” de Dias Gomes. Este livro me foi sugerido, visto que era razoavelmente pequeno (em Braille possuía apenas dois volumes, pequeno para os padrões desse formato de livro). Parti imediatamente para os sete volumes de Olga, de Fernando Moraes. Terminei este livro Acredito que um ano depois, visto que minha leitura Braille não era fluente.
Por fim, foi com a minha inserção no mundo da informática que pude descobrir a existência de livros em formatos doc e rtf, suportado por quase todos os editores de textos do Windows. Iniciei na informática usando o sistema dosvox, um sistema operacional que funciona dentro do Windows. Foi só depois que dominei esta nova ferramenta e que tive o acesso à internet, que pude realmente deslanchar no mundo da leitura. A esta altura eu tinha provavelmente uns 15 anos de idade. Minha paixão por leitura é tão grande, que chego a ler em média 10 livros por mês. Meu repertório atual de livros varia desde clássicos literários, como Machado de Assis, Clarice Lispector, Raquel de Queiroz, até livros menos reconhecidos e, em geral, apontados por nós como não literatura (como biografias de Fernando Moraes) ou Best sellers.
Apesar de ler muito no computador, não deixo de ler em Braille. Atualmente, estou lendo Terras do Sem fim (formado por oito partes ou volumes, em Braille).  Os áudio books também continuam sendo bastante utilizados por mim. Mas, sem dúvidas, foi a informática que me permitiu a verdadeira autonomia de escolha em termos de leitura.


quinta-feira, 13 de setembro de 2012

CRÔNICA – A PLACA

Primeiro dia de aula. Muita gente para todos os lados. Para onde quer que eu olhasse, encontrava pessoas que andavam, corriam, conversavam, reclamavam... Tudo, quase que ao mesmo tempo.
Quando eu menos esperava, estava envolvida naquela confusão toda. Não demorou muito para que também eu estivesse metida naquela falação e correria toda. A hora do início das aulas se aproximava e eu não estava com muita paciência, ademais, aquele era meu primeiro dia de faculdade.
Encontrei uma daquelas pessoas que ficam plantadas no seu caminho, tudo a fim de ajudá-lo a encontrar sua sala. Notei que uma delas segurava um papel, que provavelmente continha uma lista com os nomes das pessoas que pertenciam a esta ou àquela turma.
- Com licença, letras, primeiro ano... – falei meu nome, orgulhosa.
- É no bloco C, sala 109.
- Obrigada. – respondi e me dirigi ao primeiro corredor que avistei.
Encontrei uma escada. Bem, a universidade é muito grande. Acho que a minha sala deve ser no segundo andar. Subi isso depois de já ter caminhado bastante. Ansiosa, olhei para todas as portas, tentando encontrar a dita cuja sala 109.
Para o meu desapontamento, encontrei apenas as salas que iniciavam com o número 2. Ao invés de 109, o máximo que encontrei foi 209.
Um funcionário gentil explicou-me que, as salas com o número 1 na frente pertenciam ao primeiro andar. Deste modo, desci as escadarias e, enfim, encontrei a sala 109. Feliz, adentrei a mesma e esperei as aulas iniciarem.
Em meio à fala do professor, algo chamou a minha atenção:
- Então vamos fazer o seguinte: Eu gostaria que vocês se apresentassem e, posteriormente, explicassem o motivo que os levou a escolher cursar medicina.
Medicina? Não pude evitar me perguntar. Como assim medicina?
Imediatamente levantei-me e fui surpreendida pelo professor:
- Por favor, moça, você pode começar as apresentações, visto que parece estar com um pouco de pressa.
- Eu? – a cor fugiu do meu rosto. – Na verdade... Eu não escolhi fazer medicina... – expliquei, envergonhada.
- Puxa vida, que pena! – exclamou o professor - Às vezes cedemos às pressões dos pais, e deixamos de fazer o que realmente gostamos para agradá-los.
- Como? – ele não estava me compreendendo. – Mas eu não...
- Fico feliz que você tenha reconhecido isso já no primeiro dia de aula. É evidente que eu gostaria de ter mais alunos, no entanto, eu entendo que nós não podemos abandonar os nossos sonhos para viver os...
- Eu não estou fazendo medicina! – exclamei por fim, exaltada.
- Como é que é? – Desta vez era o professor que estava perdido.
- Bem... Eu... Acho que entrei na sala errada... – Saí da sala, o mais rapidamente que pude. Foi só no corredor que compreendi o meu erro: Uma plaquinha, ao lado do início do corredor, indicava que eu estivera o tempo todo no bloco A.


segunda-feira, 16 de julho de 2012

LANÇAMENTO DO LIVRO "O MESTRE DAS VIRTUDES"

Oi, pessoal!
Já faz algum tempo que não posto nada aqui, mas penso que seria bom eu contar-lhes coisas boas.
No sábado passado, dia 14 de julho, tive a honra de participar do lançamento do livro "O Mestre das Virtudes", de Elton Carlos, um grande amigo da faculdade. O evento foi na Biblioteca pública municipal de Joinville às 10 horas da manhã.
Foi muito interessante, pois contou com a presença de várias pessoas que estavam dispostas a conhecer o que mais um "jovem escritor" - como eles costumam nos chamar - têm para trazer de novo para a literatura joiinvilense.
O livro conta a história de alguns amigos que, devido ao desaparecimento de seus pais, se vêm envolvidos em uma enorme aventura em busca dos talismãs das virtudes. Cada um deles encontra o talismã do qual é digno, conforme a(s) virtude(s) que possui.
Devorei o livro inteirinho em apenas uma tarde e estou fascinada com a criatividade de Elton Carlos. O livro é repleto de reviravoltas que fazem você perder a capacidade de respirar por alguns instantes.
O livro foi lançado pela Editora Dialogar e pode ser encontrado com a própria editora, pelo facebook ou em Guaratuba com o próprio escritor. Ainda não sei dizer se está em alguma livraria, mas isso acontecerá em breve.
Escrevi esse poust para parabenizar este meu amigo e desejar-lhe boas vindas ao mundo mágico da literatura. Espero, de verdade, que ele consiga embarcar no mundo fantástico da leitura e da escrita.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

IMPRESSÕES DE UMA SEXTA-FEIRA MOLHADA


Oi, pessoal!
Conforme o próprio título sugere, estou por aqui para contar sobre a minha sexta-feira... A coisa foi maluca, por aqui, totalmente!
Fui trabalhar de manhã, diferentemente dos outros dias (trabalho a tarde). Fui recebida pelos cumprimentos gentis da guardinha que é muito querida. Infelizmente ela foi embora. Ela veio se despedir. Vou sentir saudades. Minha manhã passou bem rápida e eu estava ansiosa, mesmo.
No horário combinado, saí correndo do trabalho e fui para casa, a fim de almoçar tranquilamente para depois ir ao curso de inglês. Droga! É tenso andar de ônibus. Levei mais de uma hora para chegar em casa. O que quer dizer que não tive um almoço tranquilo, mas sim corrido, risos.
Ok, depois do almoço fui, ansiosamente, para o curso. Aquele foi o primeiro dia. A professora parece ser muito querida e também é óbvio que ela sabe muito do assunto. Ela também fez letras! Fiquei super feliz, visto ser este o curso que eu faço. Contei para ela que eu estava no segundo ano e ela ficou feliz. Meus colegas de curso já são figurinhas conhecidas por mim. Isso também é legal. O conteúdo? Bom, "what's your name" e companhia limitada, claro. Risos. Inclusive fiquei com a tarefa de fazer uma listinha dos nomes das pessoas da minha família com o grau de parentesco em inglês. Um dia sei que eu chego lá. Achei a proposta desse curso interessante, pois com o material todo em braille, fico no mesmo nível que os demais alunos. Acredito que aprender a escrita de uma língua atualmente, é mais valorizada do que a própria pronúncia. Não quero dizer aqui que não preciso aprender a falar, é óbvio que preciso, mas em um mestrado eles exigem a leitura e não a pronúncia e, é nisso que eu penso. Para algum dia, é claro.
Voltando ao mundo real, risos, momentos antes de eu sair do curso, um colega meu comento que estava chovendo. Não levei muito a sério, pensei em uma chuva fraquinha e comum, no entanto... Ah, que chuva! Detalhe: eu estava sem sombrinha! Droga! Sabe o que eu fiz? Deixei meu material por lá mesmo e fui de baixo de chuva para o ponto de ônibus que, na verdade, fica do outro lado de uma avenida nada amigável, risos. Apesar da chuva, cheguei inteira até o ônibus. Meio molhada cheguei na faculdade. Coisa boa para uma sexta!
Ok, eu admito, fui irônica.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

MINHA SEMANA

Oi, pessoal!

Sei que eu não costumo fazer isso, mas dessa vez estou por aqui para contar um pouquinho da minha semana, tudo bem?
Bem, se não estiver tudo bem, obviamente você não vai continuar lendo essa postagem, risos.
Para quem continuou lendo, lá vai:
No domingo a noite fiquei meio desanimada, mas dizem que isso é normal, visto que é mais uma segunda-feira, mais uma loooonga semana chegando com facul e trabalho...
Segunda-feira eu tive duas aulas bastante cansativas. Amo de paixão a professora dessas aulas, mas como já se espera, tudo o que é demais cansa a gente.
Neste mesmo dia, a tarde, soube que a minha professora de literatura infantil juvenil havia decidido marcar prova! Viva! prova, no dia seguinte e, pior, estudar o quê? Nós não costumamos ter nada para anotar nas aulas dela. Eu amo as aulas que ela dá, são super divertidas, mesmo.
Na terça tudo mudou. Amanheci com febre. Passei o dia inteirinho dormindo. Inclusive cheguei a avisar meus colegas de sala que eu não poderia ir fazer a prova. Passei bem mau, mesmo, mas isso tudo era uma virose. Eu até cheguei a desmaiar, ou delirar, ou qualquer coisa do gênero, meu pai é que sabe direitinho, risos.
Mas agora tudo está bem.
No dia seguinte, ou seja, quarta-feira, eu já estava um pouco melhor. A febre tinha ido para bem longe, embora eu estivesse bem fraca. Por isso, acabei não indo trabalhar e nem para a aula naquele dia. Minha mãe fez uma pizza, procurando reanimar todos nós (pois cada um de nós tinha um determinado problema relativo a saúde).
Hoje, quinta-feira, estou bem melhor. Fui trabalhar e daqui a pouco vou para a faculdade. Estou feliz por estar melhor, mas continuo na espectativa de que todos lá em casa fiquem bons de novo.
Ah, sim, antes que eu me esqueça: eles não estão com virose. Cada um está realmente com um problema de saúde diferente, mas logo todos estaremos melhor.

domingo, 29 de abril de 2012

VIDA

A vida, às vezes, pode ser um monólogo ou umaHistória com os mais variados personagens.

Em outros casos, pode ser uma esquete,
Mas também pode ter longa durabilidade.

Também pode ser monótona, se não for vivida,
Ou então pode ser criativa, se bem aproveitada.

Pode ser previamente planejada,
Ou cheia de improvisos que a tornam bem melhor.

No entanto, diferente do teatro,
Cada pessoa escolhe o personagem que quer ser.

O diretor da vida, também, pode
Ser como quisermos, pois nós somos este diretor.

Bem como no teatro, os personagens  Entram e saem.
Uns têm mais importância para nós, outros talvez, nem tanto.

Como no teatro, cada personagem e circunstância é
Fundamental para a execução da peça da vida.

Tudo depende somente de nós mesmos.
AS escolhas são feitas pelos atores, nós.

Entremos no palco da vida, aproveitemos
Cada momento lá vivido, como um ator, em sua estreia.

(Talita Fernanda Silva Bolduan)

quarta-feira, 18 de abril de 2012

MINHA APRESENTAÇÃO NA FEIRA DO LIVRO

Como alguns de vocês já devem saber, eu escrevo e tenho um livro publicado, ele se chama "Além do que os olhos mostram" (não é alto ajuda, risos).
Aqui em Joinville (cidade que eu vivo) nós realizamos todos os anos a feira do livro, uma feira destinada a divulgar livros e leitores, e, claro, escritores também.
Este ano comecei a participar mais desse tipo de eventos, já havia ido na feira em outros anos, mas sempre como espectadora.
Dessa vez, no entanto, tive a oportunidade de participar pela confraria do escritor de uma conversa com um grupo que realiza um trabalho interessante de musicalizar (risos) poemas de autores catarinenses.
Algumas pessoas da minha sala da faculdade foram assistir a apresentação, bem como algumas outras que ficaram curiosas tanto pelo meu trabalho, quanto do grupo Poema Sonoro.
A conversa foi extremamente informal, com possibilidade de intervenções de quem assistia a qualquer instante.
Em um sentido geral, foi tudo ótimo. A oportunidade de estar falando para algumas pessoas sobre o que eu faço e estar conhecendo ainda melhor o trabalho do grupo Poema Sonoro também foi maravilhosa.
Este grupo, além de musicar os poemas, promoveu a inclusão social, a medida que fez o encarte de seus CDs em Braille (sistema de escrita utilizado pelas pessoas cegas). Entendo que, neste sentido, os dois trabalhos (meu e deles) tiveram propostas bem parecidas visto que, pelo fato de eu ser cega e ter publicado um livro, também pude estar participando desse processo tão falado atualmente de inclusão.

terça-feira, 17 de abril de 2012

A Ladra Amiga da Minha Filha

Naquela noite de inverno, preparei um chocolate quente bem gostoso para oferecer as amigas da minha filha que viriam passar a noite aqui em casa. Quando elas chegaram, juntamente com a minha filhota, vindas da escola, fui cumprimentá-las cheia de amabilidades. Elas beberam o tal chocolate, e foram dormir, sei lá eu onde, pois quando elas foram deitar, eu já estava longe... Dormi mais cedo.
No meio da noite, acordei com barulho lá pelas bandas da lavanderia e fui ver o que estava acontecendo. Ao chegar à mesma, uma mocinha bem vestida estava disposta de costas da janela, calçando uns sapatinhos delicados.
Eu pedi à menina que tirasse os sapatos, meio dormindo. Coloquei-os em um canto qualquer, e coloquei-a no quarto de minha filha.
- Dorme, querida. Aqui está mais quentinho, lá fora faz muito frio pra você. - eu dizia enquanto esticava um cobertor sobre a mocinha, disposta na cama, ao lado da minha filha.
Depois do feito, fui para a cama, nem sei se realmente estivera acordada este tempo todo, ou se tudo não passara de um sonho. Logo eu já tinha voltado a minha viagem noturna, como eu costumo chamar os sonhos.
Momentos depois, porém, escuto barulho na cozinha. Pensei que alguma das meninas deveria estar no outro quarto, o de visitas, e levantaram com fome. Decidi dar uma de mãe gentil, e fui oferecer um chocolate quente para as moças.
Quando cheguei lá, no entanto, vi que era a mocinha que havia chegado atrasada. Ela me olhou assustada, eu deveria estar muito descabelada.
- Minha querida, você quer algo para beber? Ainda tem um chocolatinho quente de ontem, aceita? - eu oferecia já colocando o líquido num copo pra moça.
Ela me agradeceu, se eu não me engano... Se bem que não lembro de muita coisa. Fui pra cama, e só sei disso, pois acordei só no dia seguinte.
Fui até a cozinha, encontrei minha filha e algumas amigas tomando café e perguntei ao notar que a mocinha da noite anterior não estava junto delas:
- Filha, cadê aquela sua amiga que eu coloquei para dormir no seu quarto?
- Mocinha que você colocou para dormir comigo? Mas, não está faltando ninguém aqui, mãe. - minha filha falava me olhando sem compreender.
Momentos depois as meninas foram para o escritório, e foi só com a seguinte indagação de minha filha, que pude compreender de quem se tratava a moça dos sapatinhos delicados:
- Cadê meu soooomm!!!!

Escrever é isso, gente

Escrever é contar o que nunca lhe aconteceu;
Escrever é colocar no papel seus mais belos sonhos;
Escrever é depositar dentre as linhas seus sentimentos;
Escrever é se dedicar a expressar o que os outros sentem;
Escrever é criar histórias, inventar fatos não vivenciados;
Escrever é amar o que se cria, é zelar por seres inexistentes;
Escrever é molhar o papel com lágrimas de felicidade e tristeza;
Escrever é colocar no papel também o que se sente, o que se vive;
Escrever é expressar em algumas linhas seu mais belos desejos;
Escrever é lutar pelos ideais de uma personagem imaginário;
Escrever é sorrir, chorar, sofrer, se angustiar, relembrar...
escrever é por um sonho lutar, é o impossível vivenciar;
Escrever é um dom dado por Deus, que deve ser honrado;
Escrever é uma missão: missão de falar por todos!

(Talita Fernanda Silva Bolduan)